ENEB 2009



LONDRINA, AÍ VAMOS NÓS!!

A Ordem dos Transgênicos: Engula esse Progresso!

A humanidade encontra-se em um momento histórico onde as tecnologias cientificas estão sendo intensamente desenvolvidas. A demanda gerada por uma gama de forças produtivas necessárias ao progresso faz surgir a cada dia novas formas de exploração da natureza. O atual modelo de crescimento econômico gera enormes desequilíbrios. Se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia. Os riscos que a sociedade contemporânea corre são, em grande parte, derivados da própria intervenção humana no planeta, particularmente derivados das intervenções do sistema técnico-científico. A conservação de ecossistemas naturais é constantemente ameaçada pela crescente demanda por recursos naturais e por espaços produtivos, sendo a agricultura e a pecuária extensiva um dos principais causadores dos problemas ambientais mais graves.

Em todo o território brasileiro é bastante evidente que o modo como vem se organizando os sistemas produtivos no campo gera grandes disparidades sociais e graves prejuízos ao meio ambiente. A degradação de ecossistemas como o cerrado, a mata atlântica e os campos sulinos pela ocupação agropecuária coloca em ameaça a biodiversidade de fauna e flora, além de exaurir solos e contaminar ambientes aquáticos. Concomitantemente o domínio do mercado agrícola por grandes latifundiários exclui toda forma de empreendimento de menor porte como a agricultura familiar, resultando no êxodo de populações do campo para a cidade, intensificando a miséria e os problemas sociais recorrentes deste processo.

Desde o advento da revolução verde a sociedade assiste à um amplo desenvolvimento de novas tecnologias na produção de alimentos. A agricultura extensiva aparelhada com máquinas e agroquímicos aumentou em muito a produtividade no campo para dar sustento à demanda cada vez maior de consumo, sendo este alavancado por um aumento populacional sem precedentes. A fronteira agrícola impulsionada pelo novo modo de produção, “o plantation“, avançou sobre ambientes naturais gerando a substituição de ecossistemas inteiros por plantações e pastagens. Os recursos naturais estão sendo exauridos para alimentar uma agroindústria poderosa e que cresce a cada dia, gerando problemas ambientais de ampla gravidade.

O desenvolvimento técnico-científico vem gerando formas inovadoras de se explorar a terra de maneira mais eficiente e lucrativa, tendo a promessa de menor agressão ao meio natural. Com o avanço da biotecnologia e o desenvolvimento da engenharia genética foi possível produzir organismos com características diferentes das naturais, os organismos geneticamente modificados, ou transgênicos. Sua utilização se desenvolveu em grande escala na produção agrícola, a partir da geração de plantas resistentes a fortes herbicidas entre outras técnicas já desenvolvidas. O novo tipo de plantio traz a promessa de menor prejuízo ao meio ambiente por utilizar-se de plantas com resistência maior e que não necessitam de aplicação tão intensa de agroquímicos. De fato as empresas que desenvolveram a tecnologia a defendem sobre o lobby ambiental, e vem controlando o mercado através da criação de patentes sobre os OGMs produzidos. As implicações deste processo ficam expressas no próprio domínio do mercado de produção agrícola pelas empresas que comercializam a nova forma de plantio, utilizando a manipulação da vida para monopolizar a produção de alimentos, e, mascarando a continuidade da degradação ambiental por contaminação química e destruição de ecossistemas. Além do que não se tem uma idéia clara dos efeitos dos alimentos produzidos em cultivos transgênicos sobre a população, já que a maioria já esta no mercado e nem sequer é rotulado.

A forma como o mercado vem gerando maiores demandas por tecnologia e dela se apropriando para revolucionar os modos de produção, principalmente no campo da manipulação da vida, ultrapassa as discussões dentro dos meios de pesquisa e não respeita os fundamentos éticos na utilização destas ferramentas.

Neste contexto percebe-se a necessidade de inserir a problemática da transgenia na produção agrícola em discussões dentro da universidade, como parte importante da atuação do profissional biólogo, uma vez que este protagoniza o desenvolvimento da biotecnologia no meio cientifico e suas aplicações na sociedade. Tendo em perspectiva a indissociabilidade dos problemas ambientais com os econômicos e sociais, e da necessidade de ações efetivas que minimizem ou revertam os efeitos negativos de um modo de organização exploratório e inconseqüente o qual é perpetuado pelas forças produtivas, torna-se imprescindível um questionamento de qual é o papel da universidade, dos centros de pesquisa e das entidades estudantis na busca de soluções que minimizem ou resolvam os principais problemas. A demanda de profissionais gerada pelo ensino superior deve criar formas de atuação e intervenção na realidade que resultem em alternativas socialmente dignas, economicamente viáveis e ambientalmente sustentadas.

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